Inovar é Viver

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A inovação está na crista da onda. Em qualquer uma das mídias hoje disponíveis, nunca tanto espaço foi dedicado a este tema.

Será mais um modismo?

Não creio, e explico o porquê.

Se observarmos a trajetória das inovações, desde o início da era da pedra polida, algo em torno de 9.500 AC, até os dias atuais, veremos que o número de inovações tem crescido exponencialmente, século após século. Para quem quiser conferir esta saga, recomendo a leitura do livro “100 invenções que mudaram a história do mundo”, de Bill Yenne. Aqui no Brasil, acho que ele só é encontrado em sebos. Já em Portugal, me informa o Álvaro Gregório, ele pode ser obtido na Livraria Bertrand.

Em anos mais recentes, avanços importantes nas áreas da nanotecnologia, biotecnologia, novos materiais, química fina, entre outras, sugerem que este ritmo está longe de arrefecer. Ao contrário, penso que entramos em uma espécie de era da inovação continuada. Em breve, leremos nos jornais uma seção chamada, inventos de ontem.

Bem, mas vamos ao que mais nos interessa sobre esta questão. E os governos, como ficam nesse mundo?

Obviamente, se a sociedade se renova a cada momento, os governos só se manterão vivos e representativos dessa sociedade se eles mesmos se reinventarem a cada momento. Não há outra saída.

Esta é, aliás, a sinalização presente no Manual de Oslo, o mais completo banco de informações e indicadores sobre inovação existente no mundo, desenvolvido em conjunto pelo Eurostat, organismo responsável pelas estatísticas da Comunidade Européia e pela OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Em sua 3ª. edição, datada de 2005, traduzida para o português pela FINEP, Financiadora de Estudos e Projetos, o citado documento, pela primeira vez, inclui o setor público como “locus” promotor de inovações, especificamente nos setores de saúde e educação.

Outra importante sinalização do Manual de Oslo, que interessa de perto aos governos, diz respeito a ampliação do conceito de inovação antes centrada em processos e produtos industriais para abranger avanços nos modelos organizacionais.

Embora o setor privado da economia já dispense atenção redobrada para este tema, há alguns anos, para os governos em geral, o jogo da inovação está só começando devendo ainda merecer muita reflexão para que se possa adaptar seus demorados rituais, às demandas de uma sociedade que se desloca em um trem bala.

Para o bem da democracia, esta reflexão não pode tardar. Esta e outras postagens sobre este tema feitas anteriormente aqui no iGov Brasil são nossa pequena contribuição para este debate.
Na edição do podcast Pensando Alto, que gravamos na semana passada, começamos a detalhar o modelo de governo aberto, ou open data government, que brevemente havíamos comentado aqui no iGovBrasil, mas ainda necessita de aprofundamento.

Tenho razões para crer que a inclusão de Open Data na pauta de inovação dos governos é, mais que uma questão de tempo, uma questão de princípios e espírito inovador, capaz de efetivamente aplicar a transparência, a participação e a colaboração na relação governo-cidadão. É, não tenho dúvidas, o melhor a ser feito atualmente pelos dirigentes em governo eletrônico em benefício do governo e da sociedade.

Para os desenvolvedores dos EUA, por exemplo, que usam as bases do Data.gov, a Fundação Sunlight mantém, além de tutoriais, o concurso Apps for America, destinado às melhores aplicações feitas com as bases governamentais, com prêmios que variam de US$ 500 a US$ 10.000 para as ferramentas e APIs desenvolvidas, implantadas e submetidas ao júri, composto por Tim O'Reilly e Chris DiBona, entre outros. Isto apenas ilustra o quanto e como é importante estimular a sociedade, para que novos serviços públicos eletrônicos possam ser produzidos e compartilhados.

Também no Canadá já se percebem iniciativas de Governo Aberto. O site Visible Government, mantido por uma sociedade privada e sem fins lucrativos, promove o desenvolvimento de ferramentas online que visam a transparência de governo e que usam dados apoiados em fontes digitais oficiais.

Entre os projetos da iniciativa canadense, destaco o Disclosed.ca, que recolhe as informações sobre contratos públicos em mais de uma centena de sites federais e torna essas informações facilmente pesquisáveis e trabalhadas pelo cidadão comum. Uma aplicação que facilita aquilo que o governo já divulgava na rede mas, por comodidade ou intenção, de forma complicada e sem ligações inteligentes.

No Brasil, espero pelo dia em que as bases de dados governamentais estejam abertas para download, de modo que a sociedade, para a qual pertencem essas informações, passe a produzir mais conhecimento sobre seus governos e melhor decidir sobre seus caminhos.

A cada dois anos acontece na Comunidade Européia, a Conferência Ministerial de Governo Eletrônico, reunindo todos os países membros em torno do planejamento de novos serviços públicos eletrônicos, em benefício do cidadão, do governo e da comunidade. A próxima reunião acontecerá neste 2009, entre 18 e 20 de novembro, em Malmö, ao sul da Suécia, de onde nascerá uma nova declaração de governança eletrônica projetada até 2015.

A declaração de 2007, também chamada Declaração de Lisboa, apoiou e atualizou o i2010, Plano de Inovação em Governo europeu, brevemente comentado aqui, considerado um dos mais arrojados planos intergovernamentais desde a criação da CE.

Para a reunião de novembro, entretanto, haverá uma novidade em termos de participação popular, seguindo o estilo estratégico do governo Obama, comentado em nosso post anterior. Os nossos já conhecidos David Osimo e Paul Johnson, inspirados na estratégia americana de captação de idéias para o fortalecimento colaborativo de propostas inovadoras, criaram o Open Declaration on Public Services 2.0 que, além de blog, conta com um mecanismo participativo de envio e votação de idéias, semelhante ao Open Government Dialogue americano.

Essa plataforma denominada Public Services 2.0, criada com a ferramenta social UserVoice, atende a primeira fase de brainstorm (seguindo a estratégia Obama), e coloca a seguinte questão-teaser aos participantes:
Quais são as principais coisas que os governos da União Européia devem fazer nos próximos três anos, usando a Web para transformar os serviços públicos?
É interessante, ao ver os resultados parciais, que as três primeiras propostas mais votadas referem-se a abertura das bases de dados governamentais ao uso público (open data government).

As contribuições devem ser postadas e/ou votadas até 15 de julho, após o que serão consolidadas até agosto, para serem revistas e comentadas em ambiente público entre setembro e outubro, para que finalmente sejam organizadas e apresentadas na reunião de Malmö.

Contudo, diferente da estratégia norte-americana, esta parte da sociedade civil que, espero, obter representatividade e encontrar ouvidos na Conferência Ministerial.

Apenas como nota, acontece hoje, dia 6, em Londres, o Reboot Britain, que também deve trazer adesões ao Public Service 2.0.

Nos últimos meses estivemos perguntando a personalidades do mundo acadêmico, empresarial e governamental o que é inovação e como inovar em governo, ao mesmo tempo em que nos aprofundamos na estratégia da gestão Obama, como fonte de inspiração e tendência ao que viria na migração do e-gov (electronic government) para o i-gov (innovation government).

As respostas, além de variadas e enriquecedoras, trazem em comum a dificuldade em apresentar um modelo ou exemplo a ser seguido.

Nessa mesma busca pela inovação, o governo americano veio a público, pela internet é claro, para convocar a população que quisesse repensar e propor novas formas de gestão pública, oferecendo não apenas o compromisso da interação, mas principalmente disponibilizando ferramentas de participação, colaboração, transparência e engajamento, de modo a conduzir juntos a inovação em governo.

De fato, essa era a primeira fase de uma revolucionária estratégia que pretende, entre outras coisas, abandonar o modelo de governo eletrônico entregador unilateral de informação, que se vale de um monólogo em sua comunicação com o cidadão para entregar serviços em formato web, do ponto de vista tecnológico, mas formato balcão sob a ótica social, distante do diálogo que a rede permite, aliás mais do que diálogo simples, são os diálogos múltiplos que hoje presenciamos na rede e não encontramos no governo.

A estratégia é então composta de três fases:
fase 1: Brainstorm - A população compartilha suas idéias de como tornar o governo mais aberto e eficiente, tanto postando suas recomendações, quanto votando nas idéias dos demais, através do site Open Government Dialogue. O objetivo desta fase foi atender às seguintes questões:
  • Como as operações do governo podem ser mais transparentes e responsáveis?
  • Como os comitês consultivos federais de legislação, regulamentação e eletrônicos podem ser melhor utilizados para melhorar a qualidade das decisões do governo?
  • Quais modelos alternativos para melhorar a qualidade das decisões dos gestores públicos e ao mesmo tempo possibilite o aumento da participação cidadã nestas decisões?
  • Quais estratégias poderiam ser empregadas para obtermos uma maior utilização da web 2.0 nas agências públicas?
  • Quais políticas estão impedindo a inovação no governo atualmente?
  • Qual o melhor caminho para mudar a cultura de governo, para que compreenda a colaboração ?
  • Quais mudanças devem ser feitas na formação ou contratação de pessoal, que favoreçam a inovação?
  • Quais os modelos de avaliação de desempenho são necessários para determinar a eficácia de uma política de governo aberto?
Com duração de uma semana, entre 21 e 28 de maio, o brainstorm nacional reuniu online 4.208 idéias vindas dos cidadãos, dando início a segunda fase.

fase 2: Discussão - Para a triagem e o aprofundamento das contribuições, bem como a classificação e identificação dos desafios apresentados na fase 1. Para tanto, o governo, por meio do Escritório de Política em Ciência e Tecnologia, montou um blog reportando as discussões e permitindo os comentários e outras contribuições dos cidadãos.

fase 3: Elaboração (Drafting) - Permanece o incentivo à colaboração no desenvolvimento das idéias inovadoras a fim de transformá-las em princípios para ações específicas de governo, com o objetivo de dar respostas a:
  • Quem? - Quem está sendo direcionado para fazer o quê?
  • O quê? - Qual é a recomendação destinada a atingir?
  • Por quê? - Porque é importante?
  • Como? - Como o sucesso é medido?
Esta fase, tida como final na White House Open Government Initiative, será encerrada no próximo dia 6 de julho, entretanto algumas iniciativas de inovação já podem ser vistas (e seguidas) consultando a Galeria de Inovações do Governo Aberto.

Das inovações já apresentadas, a que provoca maior admiração é a Data.Gov. Nesse site, o governo americano apresenta uma plataforma para o Open Data Government, disponibilizando à sociedade suas principais bases de dados, consideradas de interesse do cidadão, em formatos amigáveis como o xml, para que indivíduos, associações, comunidades e empresas possam produzir aplicações web e conhecimento, apoiados em bases governamentais.

Os benefícios, para além dos novos serviços públicos eletrônicos, produzidos pela sociedade e que facilmente veremos em breve, somam-se a transparência efetiva, a inovação científica e educacional e o engajamento cívico que vive seu ressurgimento naquele país. Veja o vídeo promocional:



Creio que será, depois disso, no mínimo, anacrônico discutirmos se o governo deve ou não publicar os salários dos servidores. Também acredito que esteja nessa estratégia a resposta para a morte do governo eletrônico e o surgimento real da inovação em governo.

O ovo e a galinha

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Há uma crise não contabilizada em nossos noticiários. De fato, não é tão abissal quanto a crise econômica (que por aqui foi considerada marola), nem tão pandêmica quanto a multinomeada gripe suína, mas sim é uma crise: o Brasil sofre a crise da inovação.

Li no blog do Nassif que "o Brasil é responsável por 2% das publicações científicas no mundo, e por 0,2% das patentes – isso significa que a inovação no país é 10 vezes menor que a produção científica.". Se o problema está na qualidade inovadora da produção científica nacional, nossa ufana criatividade não tem prestado a nada.

O relatório de referência, preparado pela Intelligence Unit, da revista semanal inglesa The Economist, intitulado A new ranking of the world's most innovative countries, aponta que o Brasil caiu mais uma posição nesse ranking em 2008, ocupando um distante 49o. lugar (de um total de 82), atrás de países como Portugal (33o.), Argentina (41o.) e Cuba (44o.). O ranking considera não apenas a quantidade de patentes requeridas nos EUA, Europa e Japão, mas também a estrutura de pesquisa e desenvolvimento presente em cada país e o nível técnico da força de trabalho, capaz de promover a inovação.

Parte que mais afeta nosso foco nessa crise de inovação, é a inanição do governo eletrônico. Esse desalento foi mesmo apontado pelo Vagner Diniz, na abertura do CONIP 2009, quando declarou que "o e-gov está morto". Em nosso entendimento, morto está o termo e a forma de praticar, pensamos em i-Gov, inovação em governo, onde a porção "eletrônica" ocupa seu espaço instrumental, sem distrair o bom senso estratégico e inovador que deve prevalecer na dinâmica de governo.

No mesmo evento, em outra palestra, foi citado um outro ranking, preparado pela ONU sob o título United Nations e-Government Survey 2008 From e-Government to Connected Governance, comentado aqui anteriormente, onde o Brasil ocupa a 45a. posição na tabela de 2008. Há seis anos, em 2003, tínhamos o 18o. lugar em melhores práticas nesse mesmo ranking. Ora, alguma coisa está acontecendo desde 2003 e ainda não percebemos.

Ao comparar os dois relatórios percebo que entre os vinte países mais inovadores estão os dez primeiros em melhores práticas de governo eletrônico, ou de inovação em governo. Começa a ficar clara a ligação de que países mais inovadores em tecnologia, métodos e processos científicos conseguem ser os mais inovadores em gestão governamental.

Ou o inverso é mais verdadeiro ?

Tecnologias que pegam

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Anualmente o News Media Consortium, por meio do Horizon Project, pesquisa, identifica e classifica as tecnologias-chave que afetarão o ensino, a pesquisa e a criatividade na sociedade, abrangendo o mundo acadêmico, corporativo e governamental, tornando público esse trabalho através do Horizon Report, disponibilizados no wiki do projeto desde a edição de 2004.

Há pouco mais de um ano, dávamos conta aqui das tecnologias apontadas pelo relatório de 2008, que coloca uma margem de adoção que varia de menos de um ano a até cinco anos, onde despontavam a popularização da linguagem de vídeo, web colaborativa, banda larga móvel, data mashups, inteligência coletiva e sistemas operacionais sociais.

No relatório deste ano, o projeto apresenta as seguintes tendências, agrupadas segundo o tempo para adoção:
  • menos de um ano: mobilidade e computação em nuvem
  • de dois a três anos: geo-tudo (entendido como a ampliação da tecnologia de geolocalização estendida a equipamentos de uso comum) e web-personal (aqui a confirmação do protagonismo do usuário)
  • de quatro a cinco anos: web semântica e objetos inteligentes (popularização de rfid e smart cards)

Parece que também em tecnologia, como dizem das leis, tem umas que pegam e outras não.

Numa rápida análise, observamos que algumas tecnologias, consideradas no relatório anterior de 2008, desapareceram ou foram antecipadas em sua adoção, ou ainda, sofreram um reagrupamento. Por outro lado, outras parecem ressurgir ou revelam o óbvio para aqueles que acompanham a tecnologia, como por exemplo a questão da mobilidade.

De fato, a mobilidade é apontada desde o relatório de 2005, inserida naquela ocasião na tendência de ubiquidade e no tempo de até um ano para "pegar"; a mobilidade também retornou no relatório de 2006, dessa vez realinhada para um horizonte de dois a três anos. No atual, a tecnologia emerge para os próximos meses... será ?

Longe de apresentar uma crítica ao relatório, que a propósito julgo excelente, quero refletir sobre essa paralisia, tanto na iniciativa privada quanto pública, em desenvolver aplicações móveis para a educação, saúde, transportes e demais áreas; só o que tenho visto é "envie um SMS para tal e concorra a tal prêmio" e isto é lamentável, para dizer pouco.

No CONIP 2009, que encerra hoje, participei de um painel discutindo brevemente a estrutura e serviços em Mobile Government e tive a oportunidade de levar essa reflexão aos presentes, em mesa coordenada pela Profa. Maria Alexandra Cunha, quem coordenou também a excelente pesquisa sobre usuários de governo eletrônico. A cópia dos slides da apresentação está aqui.

As chamadas ferramentas sociais (redes sociais, wikis, twitter etc.) vêm trazendo questões novas para as organizações, relacionadas aos impactos da colaboração social. E, mais precisamente, por isso: colaboração social não é colaboração organizacional.

Por meio dessas ferramentas, os cidadãos usuários de um serviço público podem trocar informações entre si e também interagir coletivamente com a organização pública. O provimento dos serviços públicos passa a contar com meios inovadores para a incorporação desse conhecimento coletivo, que é gerado socialmente, não apenas no interior da organização.

Os formatos de colaboração, as estruturas de articulação e os papéis entre os atores na colaboração interna em uma organização são bastante específicos; e, em certa medida, trazem questões mais familiares e menos complexas, se comparados ao que apresenta a colaboração social.

Mesmo se pensarmos além da colaboração interna e considerarmos algum nível de colaboração da organização com atores externos – os clientes ou usuários de serviços, por exemplo – ainda estaremos falando de colaboração em termos bastante específicos: normalmente, de contribuições individuais de cidadãos isolados frente à organização, excluída a colaboração entre eles. Estaremos falando da colaboração do cidadão com uma organização, na qual é resguardado o papel social da organização em seu contorno frente ao que lhe é exterior.

Porém, os problemas que vêm sendo colocados agora têm contornos diversos. Para sumarizar: transitamos do problema da colaboração em ou com uma organização para a questão da organização da colaboração social.

Com isso, os próprios conceitos de governo e de organização governamental ficam algo afetados. Frente às possibilidades que se abrem, a organização governamental pode se questionar quanto a seus papéis como autoridade decisória e provedora de serviços públicos, para reavaliar seu lugar como um ator (destacado, mas um dentre outros) na organização social desse provimento.

Porém, claro que estamos muito longe (muito mesmo) de poder dizer, por exemplo, que “o público”, por meio da auto-organização de redes sociais, possa ocupar lugar relevante no trato da coisa pública, dispensando organizações governamentais. Nada no horizonte nos autoriza a tanto. E pelo contrário: o que se anuncia, por enquanto, é que a colaboração social em governo depende, fundamentalmente, da participação das organizações governamentais responsáveis pelo provimento de serviços públicos. Creio mesmo que, só com a participação ativa dessas organizações, essa colaboração possa corresponder às oportunidades que abre.

Fica colocada, portanto, a tarefa de pensar estratégias governamentais relativas à colaboração social e produção coletiva de conhecimento em governo. Retomo o assunto em outra postagem. Uma introdução a essa discussão pode ser lida no trabalho que apresentei
sobre o assunto, pelo GATI, ao CONSAD 2009.
Adotar uma política de inovação em governo, como está fazendo o Governo de São Paulo ao instituir o decreto 53.963, pode ser entendido nos dias atuais como a alternativa mais arrojada para a melhoria dos serviços públicos.

Na semana passada, ao gravarmos um podcast entrevistando Roberto Agune, coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Inovação do governo paulista, ficou clara a distinção entre a inovação tecnológica e a inovação em gestão governamental, bem como os princípios norteadores desta segunda.

Fazer uso de tecnologias para operar mudanças institucionais é uma tática comum mas, para além, ao buscarmos a estratégia e o posicionamento do governo no segmento da inovação, vemos que é preciso planejar com convergência e visão.

O governo australiano, por exemplo, desenvolveu uma Agenda da Inovação até 2020, apresentando um sistema nacional de inovação, no qual são apontados topicamente os planos para a indústria, impostos, mercado e governo, além de ser bastante didático ao explicar, em seu capítulo 4 - The case for a public role in innovation, o que deve ser feito em gestão do conhecimento.

Do capítulo 10 - Innovation in government, dedicado exclusivamente ao nosso foco, retirei esta meta, apenas para dar o tom da proposta: "Deve ser criado um comitê consultivo da Web 2.0, formado por especialistas e profissionais para ajudar os governos com tecnologias Web 2.0 e idéias de serviços. Pelo menos cinco experimentos substanciais devem ser implantados nos próximos dois anos e avaliados dentro de três anos...". Simples e direto, leitura boa para este fim de semana.

Quem também recebe créditos nesse relatório é o Governo de Cingapura que, através do Singapore Government’s Enterprise Challenge (TEC), dedica-se há nove anos a melhorar a entrega de serviços públicos, em conjunto da Public Service Division de lá, que são notórias expressões em i-gov. O TEC inspirou a estratégia australiana na criação de um fundo dedicado a novas idéias em governo, capaz de subsidiar projetos-piloto de inovações radicais em qualquer segmento da área pública. As propostas de Cingapura podem ser conhecidas aqui.

A propósito, de terça a sexta-feira da próxima semana, estarão em São Paulo os representantes de Gestão do Conhecimento e Inovação do Governo de Cingapura, participando do evento Global Make Conference 2009. A convite, vou acompanhar e depois informo neste nosso espaço.

A transposição de uma economia industrial para uma economia do conhecimento não se dá espontaneamente. Requer dos países que queiram ingressar nesse novo cenário muita visão estratégica e, a partir daí, ações concretas condizentes com as metas que vierem a ser traçadas.

As estratégias que permitam às nações ingressar nessa nova economia pela porta da frente, variam de país para país, de acordo com as realidades e potencialidades de cada um deles. Em todas as nações que já perceberam mudanças no ar, não é o nosso caso infelizmente, existe, no entanto, uma preocupação comum: estimular a inovação.

Países que queiram ter papel preponderante na nova economia sabem que, doravante, não basta mudar episodicamente, ao contrário, processos e produtos com ciclos de vida cada vez mais curtos apontam que é preciso mudar sempre.

Neste sentido, os dados obtidos no estudo recém divulgado, preparado pela Fundação Getúlio Vargas, sob encomenda da Ernst & Young, "Brasil Sustentável, Horizontes da Competitividade Industrial", me deixaram bastante preocupados.

Vou apontar aqui apenas alguns dos motivos que me levaram isto, convidando os qualificados leitores deste espaço a lerem a íntegra do trabalho.

1. Entre 1960 e 2005, o progresso tecnológico na indústria manufatureira brasileira cresceu 0,28% ao ano, contra 2,19% no Japão, 1,84% em Cingapura e 1,64% na Alemanha, os 3 países mais bem colocados. Na tabela apresentada no estudo, com vinte países, só ficamos à frente de Israel e Finlândia.

2. No comércio mundial de bens manufaturados, embora tenhamos crescido acima da média global entre 1990 e 2007, não aparecemos nem na lista dos os vinte maiores exportadores, nem na relação dos vinte maiores importadores. Nossa participação no mercado mundial de bens manufaturados é pífia. Ficamos atrás de Irlanda, Tailândia e Malásia por exemplo.

3. Em 2006, as exportações totais do Brasil atingiram 137,50 bilhões de dólares, das quais apenas 9,40 bilhões de dólares (6,8%) de produtos de alta tecnologia.

4. Ainda falando sobre exportação de produtos de alta tecnologia, o estudo da FGV menciona que mais do que em qualquer outro segmento, o sucesso, aqui, está fortemente atrelado à inovação que, por sua vez, está vinculada a investimentos expressivos e continuados em pesquisa e desenvolvimento. Mais uma vez os valores apresentados no trabalho não são animadores. Enquanto Estados Unidos, União Européia e Japão investiram em P&D, montantes respectivos de 292, 217 e 133 bilhões de dólares, os investimentos em P&D no Brasil ficaram próximos a 5 bilhões de dólares. A cifra brasileira corresponde, por exemplo, a um terço do investido pela Coréia do Sul, que na minha época de faculdade (anos 70) era um país pobretão e agora nada de braçada. É o nono maior exportador de produtos manufaturados do mundo.

5. Por fim, mas não menos desanimador, as projeções efetuadas pelo estudo mostram que, se nada for feito, haverá uma perda de participação do Brasil nas exportações mundiais entre 2007 e 2030. As estimativas para o crescimento das importações mundiais de manufaturas, nesse período, oscilam em torno de 3,7% ao ano e as exportações brasileiras, em algo como 1,8% ao ano. Os motivos para esta retração são: crescimento no custo da energia; gargalos na infra-estrutura; inadequação da estrutura tributária e investimentos insuficientes em pesquisa e desenvolvimento.

Se quizermos falar grosso nesse novo mundo, já sabemos onde atacar. Se, ao contrário, almejamos continuar vendendo mercadorias e importando conhecimento é só ficar vendo a banda passar.
Há algumas semanas comentei no blog iGovSaber sobre Infografia e Governo, a fim de avolumar o debate que travamos sobre a forma e o conteúdo das informações que os governos publicam, apontando para uma necessária prática de adotar a clareza e objetividade, cada vez que se pensar em transparência ou e-democracia.

Outro ponto que está nesse debate é a abertura dos dados públicos governamentais, permitindo o acesso e o desenvolvimento de aplicações pela sociedade que, ao extraí-los e traduzí-los inteligentemente dos bunkers do governo, transforma aquela informação em prestimosos serviços à comunidade.

A idéia do Sérgio Bolliger, por exemplo, é a de que os governos estimulem a criação de
mashups com suas bases, opinião também compartilhada pelo David Osimo no egov 2.0 e pelo pessoal da Apps for Democracy.

Surge uma luz, acesa pela Google que, ainda que fraca, ilumina essa escuridão criativa dos serviços públicos eletrônicos. Afinal, penso que o e-gov agoniza por falta de inovação no modelo de negócio e esta é uma oportunidade de redefinir a estratégia. 

O recurso criado pela Google, por exemplo, permite a transformação de dados públicos, diretamente de suas bases abertas, em gráficos interativos e inteligíveis, que podem oferecer comparações, cruzamentos e integração em sites, com poucos cliques.

Por enquanto, o experimento faz apenas um comparativo online da taxa de desemprego em todos os Estados norte-americanos, acessando diretamente os dados do
U.S. Bureau of Labor Statistics. Veja abaixo o vídeo mostrando como se faz ou acesse aqui para experimentar:



Se a iniciativa privada está disposta a criar esses mecanismos integradores, falta aos governos a decisão de abertura de acesso para que venham novos serviços públicos.

O Governador do Estado de Vírgina, EUA, Timothy Kaine, acredito que seja o primeiro governante a entender o recado. Há exatos dois anos, o governador Kaine anunciou uma parceria com a Google abrindo as bases informacionais do governo estadual, argumentando que o "objetivo é promover o acesso dos cidadãos aos recursos do governo, de modo simples, intuitivo e rápido.". Parte desse trabalho pode ser visto nos widgets disponíveis pelo site oficial de Virgínia.

Firmar esse compromisso com a transparência, abrindo o governo para seus cidadãos, como expresso ainda em campanha pelo presidente Obama, creio que não seja impossível, nem caro, só impõe estratégia arrojada e homens de boa vontade. 

Ontem x Amanhã

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De quando em vez, volta a baila a questão da liberação do acesso às ferramentas da web 2.0, tais como blogs, wikis e redes sociais, dentro das organizações.

Esta cantilena mostra, uma vez mais, que a maior ou menor abertura para a mudança nas organizações é balizada, normalmente, pela cultura predominante dentro delas, e não pela disponibilidade per se de novas tecnologias. Entidades que consolidaram ao longo do tempo um ambiente cultural mais aberto à mudança tendem a enxergar melhor o impacto do novo em seus modelos de negócio, conseguindo, desta forma, redesenhá-los mais rapidamente. Já aquelas organizações acostumadas a acompanharem o mundo pelo retrovisor, estão propensas a subestimar o impacto das ondas de inovação, hoje cada dia mais freqüentes e profundas.

Os governos, em geral, situam-se neste segundo conjunto, com um agravante, além dos obstáculos de cunho cultural possuem amarras de caráter legal que dificultam, ainda mais, a adoção de inovações.

Só que não dá mais para ser assim. Em tempos de mudança continuada, marcados pelo complexo e pelo transitório, todas as organizações, sejam elas privadas ou públicas, não podem se dar ao luxo de empurrar o novo com a barriga. Nos governos, em particular, que constituem nosso foco de interesse, a adoção das ferramentas sociais torna-se cada vez mais fundamental na definição de estratégias coerentes com a sociedade do conhecimento, no desenho de políticas públicas inovadoras e na implementação de novos serviços públicos.

E por tudo que li e vi, até aqui, na maioria dos casos, as mudanças trazidas pelos novos tempos têm sido mais bem percebida pelos políticos, mais sensíveis às novas demandas e comportamentos da sociedade, do que pela máquina administrativa, mais ligada em tecnalidades pouco relevantes em momentos de mudanças radicais. Não por acaso, as ferramentas sociais só foram sendo aceitas no setor público quando a vontade política manifesta por presidentes, primeiros-ministros, ministros e secretários de estado tornaram a decisão inexorável. A eleição e os cem primeiros dias da administração Barack Obama nos Estados Unidos são o mais claro exemplo disto. Mas há muitos outros, é só dar uma passeadinha pelas diversas postagens deste blog. Vale a pena ler, também, o estudo Governo 2.0 - Inclusão, Participação e Inovação como Estratégia preparado pela TerraForum Consultores.


Meu sentimento indica que nos países democráticos, essas iniciativas continuarão ganhando força e farão com que tentativas de proibir o uso das ferramentas sociais em organizações públicas, dentro em breve, soem tão estranhas como tentar revogar a lei da gravidade.
No ano passado comentamos sobre o uso de celulares na prevenção e combate ao crime, tomando por exemplo a Libéria, país da África Ocidental, que implementou a prática associada à vigilância comunitária e produziu resultados de redução dos incidentes criminais, essencialmente nas áreas urbanas.

Do outro lado daquele continente, no Quênia, outra iniciativa utilizando o mashup do GoogleMaps com a telefonia celular, tem permitido aos quenianos salvar vidas e previnir o crime. Trata-se do projeto Ushahidi, que significa "testemunho" em suaíli - o idioma oficial, uma plataforma multicanal, que recebe alertas de crise e violência através do celular, e-mail ou formulário web.

A palestra que Erik Hersman apresentou no TED, a seguir (em inglês), explica o projeto: 



O uso de mashups, celulares e ferramentas sociais para situações de crise e emergência combinam forças não apenas de comunicação, mas também de mobilização.

Vejamos a crise revelada nesta semana sobre a gripe suína. Desde sábado já foram publicados os mashups com GoogleMaps do H1N1, do 2009 Swine Flu (no mapa abaixo), além de blog, infográfico, planilha no GoogleDocs e Twitter. No Brasil, o portal do Ministério da Saúde publica um site, com um monte de pdfs e nenhuma interação. Em entrevista, o Presidente Lula diz que a gripe suína não chegou em nosso país e que "nós temos estoque de remédios para enfrentar essa situação" (sic).

Será que ninguém está pensando em implantar um plano de informação e orientação da população que considere o alcance da telefonia móvel em situações de crise ? No que pode ajudar ao cidadão a consulta em mapas elaborados pelos órgãos oficiais e disponíveis na rede ? 

Lembrei agora que em 1974 tivemos na cidade de São Paulo uma média de 33 óbitos/dia devido a uma epidemia de meningite, onde a imprensa e os órgãos de saúde foram impedidos, pelo regime da ditadura militar, de divulgar qualquer nota a respeito. Ora na atualidade, não podemos deixar de informar, e bem, o andamento de uma crise, orientando a sociedade para caminhos seguros.

Nessas situações, é a informação que mobiliza.


Veja 2009 Swine Flu (H1N1) Outbreak Map em tamanho grande.

O Centro de Treinamento da Rede de Administração Pública das Nações Unidas - UNPAN, está com inscrições abertas para os cursos de Governo Eletrônico, destinados a iniciantes e especialistas nesse segmento de governo. Os cursos são gratuitos e realizados online, disponíveis nos idiomas inglês, russo, árabe, francês e ucraniano. 

No idioma inglês já são 14 cursos disponíveis:

 1. Building a Community of Practice for Electronic Governance
Para matrículas, informe-se aqui ou encaminhe e-mail para Ms. Elizabeth Danseco.

Lembro também que estão abertas as pré-inscrições para as Oficinas de Inovação em Gestão Pública, exclusiva para os funcionários do Governo do Estado de São Paulo. Oferecidas em modo presencial, os programas e datas estão disponíveis aqui.

Ainda fascina, principalmente aqueles que estão em governo e tecnologia, a estratégia de Barack Obama na corrida presidencial americana, encerrada há cinco meses. Todos concordam que, em termos comunicacionais, as eleições de 2008 nos EUA troxeram mais do que um novo presidente, um novo meio, uma nova mídia, que não apenas serviu ao marketing político, mas essencialmente conectou o cidadão com a política. 

De tudo que acompanhei, li e escrevi, fico com a sensação de que ainda enxergamos pouco, os bastidores dessa campanha são revelados ainda em tons de odisséia, com rasa abordagem estratégica e baixa visão do conjunto.

Agora, a empresa norte-americana de relações públicas Edelman, sediada em Chicago e dedicada a esta àrea desde os anos 50, publicou o The Social Pulpit: Barack Obama’s Social Media Toolkit, um relatório que conta a história da campanha de forma organizada, mostrando conceitos, definições, os  estratagemas digitais e as táticas nas quais se apoiaram a equipe Obama.

Ao ler, penso por momentos que estou diante daqueles kits de mágica em que se revelam, com utensílios web 2.0, os truques e como fazê-los. Veja, por exemplo, o modelo de crossmedia elaborado pela Edelman explicando o modelo de engajamento público:


Mais adiante, o relatório também define um modelo de utilização das ferramentas sociais na campanha, apontando os porquês de cada ferramenta, assim como a integração e relacionamento entre todos os espaços utilizados, graficamente resumido a seguir sobre o modelo de hub do site MyBO:

Diferente do kit de mágica, em que bastam equipamentos e performance para produzir o efeito, percebo que o belíssimo trabalho da Edelman, ao descrever o novo palanque social, esteja mais próximo daqueles kits de química, em que a combinação equilibrada de elementos, com domínio prévio de seus compostos, é que podem determinar o sucesso ou fracasso da experiência.
 

Inteligência Cidadã

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Um dos mais significativos exemplos de inteligência coletiva que eu conheço é dado pelo TripAdvisor, um site de apoio ao viajante, que, dentre diversos serviços, apresenta uma classificação de hotéis, segundo a avaliação dos próprios usuários. São mais de quinze milhões de resenhas abrangendo estabelecimentos espalhados mundo afora.

Desde que descobri este endereço, há cerca de quatro anos, escolho os locais em que vou me hospedar, seja a lazer ou a serviço, a partir do ranking do site. Esta consulta tem possibilitado descobrir hotéis muito bons, a preços bastante competitivos.

Mas o que isto tem a ver com governo, poderia estar perguntando nosso arguto leitor.

A ligação entre uma coisa e outra é a seguinte: a cada ano que passa, tenho notado um aumento na desintermediação na avaliação de produtos e serviços. Em outras palavras, os usuários estão tomando decisões de consumo baseados cada vez mais na opinião de outros usuários iguais e ele, e menos propensos a aceitar dicas vindas de anúncios publicitários, críticos especializados e outros gurus variados. O número de bons sites feitos por “gente como a gente” tem influenciado as decisões dos consumidores não só de hotéis, como no meu exemplo, mas de livros, filmes, músicas, eletrodomésticos, etc. Este movimento ainda não é generalizado, mas quem se dispuser a analisar esses sinais, vindos de todos os lados, perceberá que eles são, hoje, mais fortes do que os de ontem e, com certeza, mais fracos do que os de amanhã.

No setor público a opinião sem viés do cidadão, um tipo superior de usuário, já começa a ser considerada, neste ou naquele serviço, como, aliás, tem testemunhado o freqüentador deste espaço. Mas isto ainda se dá de forma muito marginal.

Com o aumento do acesso a tecnologia e com o barateamento dos custos de comunicação, ouso afirmar que em breve teremos comunidades cidadãs julgando de forma consistente e direta a maioria dos serviços públicos.

A hora da preparação dos governos para este novo cenário é agora, enquanto os sinais ainda não são muito maciços e ruidosos. Um serviço deteriorado não melhora de uma hora para a outra. Muitos processos terão que ser reinventados e indicadores reformulados. A lógica do serviço público em um ambiente sem interlocutores é complexa e não vai admitir meia-sola. Não vai adiantar colocar o famoso 0800, a população já terá seus próprios números.

Este humilde espaço irá continuar mostrando esses sinais e as soluções já encontradas.

Parlamento 2.0

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Primeiro foi o Parlamento do País Basco que promoveu a política à versão 2.0, agora o Parlamento de Catalunha adere as redes sociais e ferramentas web 2.0, com uma estratégia comunicacional interrelacionada, interativa e focada no cidadão, sob o Portal Parlamento 2.0.

A iniciativa catalã, além da presença no Twitter, Youtube e Facebook, mantém um podcast, um agregador de blogs e twitter dos deputados, para promover a transparência legislativa.

Mas não para por aí, o parlamento catalão também criou o serviço Meu Parlamento, para que os cidadãos possam, sob registro,  acompanhar os assuntos legislativos de seu interesse, de forma personalisada. Outra novidade - e esta deve servir de exemplo para os serviços públicos de qualquer governo - está na disponibilização de widgets, que são pequenas aplicações que podem ser integradas a outros sites, públicos ou privados, a fim de oferecer mais informação ao povo catalão.

Também não faltou espaço online para fazer perguntas ao presidente, com o serviço O Presidente Responde, as questões e respostas são publicadas para toda a comunidade catalã. Em sua segunda legislatura como presidente, Ernest Benach i Pascual, de 49 anos, resume em seu blog que "o Parlamento 2.0 equivale a um parlamento transparente, aberto e acessível a cidadania a qual representa e para qual trabalha. Equivale a interatividade entre política e sociedade, a ouvir e discutir livremente, a interagir e abrir novos canais de relacionamento direto com o cidadão.".

O que falta para nossas Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas e o Congresso funcionarem dessa forma ?

Uma manhã em Lisboa

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"Qual a atitude e reação do Setor Público face à dinâmica da Web 2.0? 
Que desafios e obstáculos estão envolvidos? 
Quais as grandes tendências ao nível internacional? 
Quais as expectativas do Cidadão na Era 2.0? 
Que tecnologias e soluções podem ajudar a Administração Pública a responder aos desafios e exigências da Web 2.0?" (Ana Pinto Martinho)

O assunto inovação em governo, foco deste blog, tem seu principal representante em Portugal a organização Espiral de Conhecimento que, entre outras coisas, produz e mantém o portal iGov, especializado neste segmento abrangendo toda a Europa.

Recebi deles o amável convite para participar da sessão iGov: Administração 2.0, a tomar toda a manhã do próximo 25 de março, no Auditório da Biblioteca Nacional, em Lisboa. O evento faz parte do Ano Europeu da Criatividade e Inovação, comentado aqui no início do mês.

Devido a distância e ao trabalho, fui obrigado a recusar, mas também obrigo-me a divulgar aos interessados em inovação, o intenso e bem elaborado programa, com dois destaques que mais ainda me fazem lamentar não ir.

O primeiro destaque é David Osimo, presidente da Tech4i2 e pesquisador do uso das ferramentas sociais na gestão pública, a quem já citamos por seu trabalho aqui. Um dos pioneiros a escrever sobre a web 2.0 em governo e, corajosamente, defender seu uso.

Outra presença ao evento é Anabela Pedroso, presidente da AMA, que também já foi nosso assunto anteriormente, sobre Centrais de Atendimento.

Estimo que seja uma manhã de bons trabalhos e ótima experiência. Espero também que os frutos dessa reunião possam ser compartilhados, como sempre ocorre na sociedade colaborativa.