Um dos eventos mais importantes da Europa sobre inovação, criatividade e imaginação, para os setores público e privado, é o iFest08 - festival de inovação, versão 2008 - que aconteceu na semana passada em Barcelona, Espanha.

Entre os apresentadores - que vão desde
Andrew Ritchie, o inventor da bicicleta Brompton, até Hiroshi Tasaka, que fala sobre o paradoxo da sociedade do conhecimento e ferramentas web 2.0 - destaquei e incorporei neste post a vídeo-palestra de Nick Leon, diretor da Design London e que durante trinta anos foi projetista, engenheiro e executivo da IBM.

Nick Leon interessa-se por cidades, sobre a geração de inovação e cidades, em como ocorrem essas mudanças, como são criadas as economias urbanas e como se relacionam os nativos com os imigrantes. Em
entrevista ao Infonomia, Leon inicia dizendo que "as principais cidades de economias desenvolvidas, muitas delas com um passado industrial, estão se transformando para converterem-se em provedoras de serviços intensivos em conhecimento.".

Em época de formulação de programas dos candidatos a prefeitos, a apresentação a seguir aborda esses temas e o que as cidades devem fazer para atrair e manter talentos, no que destaca Leon " A questão, para se tornar uma cidade inovadora, não é colocar dinheiro em infra-estruturas, é sim uma questão de estímulo à inovação em todos os níveis.".


Em complemento ao assunto inovação, o site espanhol Infonomia também publica a Revista If, a revista da inovação, da qual recomendo a leitura do artigo "El ‘middleground’ en innovación", de Alfons Cornella, um decálogo interessante.

Por fim, aproveito este post de número 100 para agradecer a seus principais colaboradores: José Antonio Carlos (Pepe) quem regularmente escreve aqui, a Roberto Agune e Sergio Bolliger, quem nos incentivam desde o primeiro post e ao leitor Everson Lopes de Aguiar, atento pesquisador em mobilidade. Vamos comemorar!

Projetos 2.0 na Educação

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Terry Freedman é um consultor britânico independente, que participou do Horizon Report 2008, que comentamos aqui. É um especialista em TICs aplicadas à Educação, responsável e conteudista do The Educational Technology Site: ICT in Education, onde publica seus mais de três mil artigos e estudos, entre eles o Web 2.0 Projects, uma coletânea e guia de ferramentas web 2.0, portanto disponíveis e gratuitas na rede, dirigida a professores, alunos e usuários em educação.
São dicas de sites e aplicações, organizadas por faixa etária, com comentários e links atualizados, já que o estudo foi publicado há duas semanas e promete atualizações futuras. Compreendo que, por estar escrito em inglês e referenciar sites nesse idioma, talvez não tenha tantas adesões entre nossos educadores, porém pode servir de estímulo para que se construam sites nessa categoria e um guia prático como o de Freedman.

Acesse aqui a área de downloads de livros.

Escola 2.0

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Mais uma vez a Espanha, que vem tomando cena aqui em inovação nos transportes, em empreendedorismo e, principalmente, em estrutura organizacional de governo, nos traz mais um modelo para a educação.

O Ministério de Educação, Política Social e Desportes espanhol anunciou, através de sua ministra Mercedes Cabrera, uma série de medidas para a criação da Escuela 2.0, que entra em vigor a partir de setembro, como adiantado pelo site Innova.

Segundo a ministra, em nota oficial a respeito da Escuela 2.0, " os profissionais e os estudantes serão seus protagonistas e seus destinatários, os criadores de conteúdos e os demandantes de informação ao mesmo tempo. É a nova geração da Internet, a escola 2.0 que devemos aproveitar para elevar a preparação de nossos jovens."

Entre as medidas anunciadas, três se destacam:
  1. O Ministério lançará em setembro um novo portal na internet, de intercâmbio de conteúdo educativo para professores e alunos. Parece óbvio, mas não conheço nenhum que tenha ido além de um repositório, desprovido de interação e comunidade, mas calculo que essa nova iniciativa, baseada em 2.0 e nos fundamentos do Teach Today da Comunidade Européia, tem mais chance de sucesso.

  2. Qualquer cidadão poderá completar sua titulação ou completar o ciclo formativo em formação profissional através da internet.

  3. Passa a compor os planos de ensino, a disciplina "Ciências para o Mundo Contemporâneo", onde, segundo a mesma nota, "os jovens conhecerão como aconteceu a transição da era analógica para a digital, a profundidade da mudança ocorrida com o surgimento da Internet, a revolução tecnológica e social nas comunicações e aprenderão a respeitar a privacidade e a proteção de dados.". Isto merece muita atenção dos dirigentes em educação.

As coisas ficam tão claras e produtivas quando um governo está alinhado. A equipe do governo Zapatero tem demonstrado esse foco na inovação desde a sua constituição.

Aproveitando o assunto educação, o vídeo da palestra do Prof. José Pacheco (Escola da Ponte, Portugal) feita em junho último está disponível aqui.

Ontem, tivemos em São Paulo o primeiro apagão digital de grandes proporções, do país.

Apesar da paralisia que este evento causou na maior parte dos serviços públicos, e em um sem número de negócios privados, que foram adiados ou até perdidos, considero o evento de 03 de julho de 2008, desculpem-me, muito bom.

Vamos aos porquês.

1. Uma ocorrência deste tipo, há dez anos, provocaria, na melhor das hipóteses, uma pequena nota nos grandes jornais diários de São Paulo. Ontem, o apagão digital foi primeiro destaque no Jornal Nacional; hoje, ocupa a manchete dos dois principais jornais de São Paulo.

Por que esse alarido, se o que circula pelas redes, que ontem ficaram paralisadas, não são automóveis particulares, caminhões de carga, alimentos perecíveis, professores em passeata, etc.

O motivo do inédito burburinho, foi que os bens, sem dimensão física, que correm por essas redes, tais como, transações financeiras, pesquisas de mercado, pacotes turísticos, “help desks” remotos, palestras, vídeos, músicas, compõem um bem maior, denominado conhecimento, o principal ativo dos nossos dias.

Se São Paulo parou, é sinal de que o conhecimento está incrementando sua participação nos PIBs, da cidade, do estado e do país. Parar foi ruim, muito ruim, mas descobrir que a circulação de conhecimento em São Paulo está ganhando volume foi bom, muito bom.

2. O evento de ontem colocou a questão das redes digitais na agenda política nacional. Aquela triste tradição de que político não investe em rede de esgoto por que elas ficam enterradas e não dão votos, que parece estar sendo, felizmente, superada, não pode se repetir com as redes digitais.

O atraso na construção de redes de esgoto nos trouxe como legado, rios mortos e taxas de mortalidade vergonhosas. O atraso no adensamento das redes digitais, por sua vez, dificultará nosso ingresso soberano na sociedade do conhecimento. Cidades líderes precisam de talentos, talentos demandam educação de alto nível, transportes modernos, qualidade de vida e ambientes tecnológicos compatíveis. As redes digitais colaboram para que tudo isso ocorra.

Na era do conhecimento, um dos principais indicadores de efetividade das cidades é a sua capacidade de transmissão de dados, medida em bits por segundo. Segundo dados da Tele-Geography, publicados na edição 907 da revista Exame, Londres é a cidade líder nesse índice, com 2,35 trilhões de bits por segundo (Tbps). Na seqüência surgem Paris (1,7 Tbps), Frankfurt(1,3 Tbps) e Nova York (1,2 Tbps). São Paulo está na vigésima colocação com humildes 0,17 Tbps.

Uma boa política pública pode nos levar mais para cima. Tapar os olhos para o problema pode transformar São Paulo em uma cidade sem talentos e, portanto, empobrecida. Sou otimista, acho que a ficha vai cair.

3. A importância do evento de ontem mostrou,também, que se conhecimento é fator estratégico, ele deve ter meios alternativos de circulação. Governos e iniciativa privada devem ficar atentos à necessidade de termos planos b muito bem azeitados para estas situações. Não é possível que um único fornecedor, seja ele qual for, responda por parcela tão substantiva no tráfego de dados de uma cidade, região ou país. A concorrência, nessa área, é indispensável para que a gente chegue mais perto do pelotão de cima das cidades e nações. Agências reguladoras, associações empresariais, e demais organismos com algum grau de interferência sobre esta questão, devem estudá-la com carinho e partir, de imediato, para ações que nos permitam, no futuro, agradecer que o apagão tenha ocorrido enquanto poderia acontecer.

SMS e a dengue

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A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo lançou na última quarta-feira o seu plano de combate à dengue, para as temporadas inverno e primavera. A novidade fica por conta do uso de SMS para "enviar torpedos à população com mensagens de alerta sobre prevenção e combate à dengue".
Já reportamos anteriormente sobre o uso de celulares contra o crime e também sobre o incrível trabalho realizado pela DataDyne e adotado pela Organização Mundial da Saúde sobre inclusão social e coleta de dados em saúde pública.

O uso promocional de mensagens por celular é fato comum nas empresas privadas há algum tempo, o mobile marketing parece ser de bons resultados. No caso do governo paulista, já é um avanço importante, principalmente se considerarmos as iniciativas de uso de SMS em governo, relatadas no blog Projeto SMS, que deveriam estimular os órgãos de atendimento público.

Todos os posts sobre mobilidade e governo podem ser lidos aqui.