Em abril deste ano, comentamos aqui que a Europa estava trazendo um novo modelo de governo eletrônico, apresentando um excelente plano de convergência de mídias, com uso intensivo e integrado de ferramentas web 2.0 e mobilidade, sob o lema "Putting citizens first". Lembro que na época também lamentávamos a situação do e-gov norte-americano, que sofria a estagnação.


Agora, com a alta expectativa gerada pela eleição do presidente Obama, estamos certos de que a demanda reprimida da inovação em governo já está se mexendo, no sentido de usar a internet e outras tecnologias para um governo aberto, interativo e conectado com o cidadão.


O Federal Web Manager Council, que é um grupo de interagências governamentais americanas, reunindo cerca de trinta especialistas em web do governo e outros 1500 web managers do setor público, acaba de publicar o paper "Putting Citizens First: Transforming Online Government". A coincidência do título americano com o slogan europeu fica por aí; de fato, o documento americano é uma proposta daqueles que ficaram desde o ano 2000 engessados em criatividade e inovação, devido ao inapto governo Bush, e que agora preparam uma retomada de princípios de serviços eletrônicos ao cidadão.


Um curto e rápido documento que está sendo entregue ao presidente eleito e que vale a leitura neste fim de ano. Resta-nos aguardar quando teremos também uma versão brasileira do citizen first.


Falando em fim de ano, coloco aqui o link para o nosso e-card de festas. Bom Natal aos nossos queridos leitores e grandes realizações em 2009.


Quem percorreu as páginas deste blog já observou que, embora nosso propósito seja o de divulgar boas práticas de inovação em governo no Brasil e no exterior, a presença de iniciativas dos Estados Unidos em nossos posts é quase nula, o que parcialmente explicamos aqui. De fato, é de se estranhar que a liderança e o pioneirismo norte-americano nesse setor tenham sido abandonados nesses anos de inovação, de governo 2.0, mas é aceitável se olharmos para o governo Bush como o puxador da tomada do e-gov

Sabemos, por tudo que já escrevemos aqui sobre o presidente eleito Barack Obama, que esta situação já está mudando e fica cada vez mais forte a certeza de que essa mudança vai além do otimismo, porque para Obama é clara a utilização de tecnologias de informação e comunicação para a governança. Não é modismo, nem tecnocentrismo, o que caracteriza as ações do presidente eleito ao declarar a criação em seu governo de um CTO - Chief of Technology Office, sua escolha nesse caminho começou bem antes, como já dissemos, no encontro que o então senador teve com Marc Andreessen, em 2007.

Nesse mesmo ano, em novembro, Obama foi ao escritório da Google para proferir uma palestra sobre suas idéias de TICs e governo. Os trechos dessa palestra foram disponibilizados somente há um mês no YouTube e pode ser assistido abaixo.


Na iniciativa de "criar uma democracia transparente e conectada", destacamos os seguintes pontos do discurso:
  • Disponibilizar informações governamentais online em formatos acessíveis universalmente;
  • Criar fóruns de participação pública, para perguntas gerais sobre legislações pendentes, com respostas em tempo real e espaço para sugestões e críticas às leis antes de serem assinadas;
  • Garantir que cada residente americano e cada escola, hospital e biblioteca tenha acesso à internet em banda larga;
  • Incrementar os padrões de velocidade de banda larga;
  • Estimular a ciência e a educação tecnológica, preparando uma nova geração de cientistas; e
  • Implantar o registro médico eletrônico, melhorando os cuidados com a saúde, diminuindo erros e baixando os custos do sistema. 
Para tornar real o Plano de Tecnologia e Inovação, o governo Obama já nomeu os três nomes que irão assumir o Grupo de Tecnologia, Inovação e Políticas Governamentais: Sonal Shah (foto), que chefiava uma das iniciativas filantrópicas da Google; Blair Levin e Julius Genachowski, ambos originados do FCC - Federal Communication Comission, um tipo de Anatel americana.

A mudança começou e para o lado certo.